1 de mai. de 2013

"Um dia frio, um bom lugar pra ler um livro e o pensamento lá em você..."





Dia frio, se escuta o trincar da chuva no telhado e o vento faz seus pêlos arrepiarem. Ela está sentada na poltrona da sala, mesinha do telefone à frente, carpete vermelho com estampas diagonais, cortina bege que esvoaça ao passar da brisa. A janela está entreaberta e não há mais ninguém em casa, então ouve-se o chiar da água borbulhando na chaleira e ela vai até a cozinha.
...
Já de volta à poltrona, uma xícara de chá repousa sobre um pires na mesinha ao lado. O dia é frio, mas na verdade parece melancólico e naquele ambiente paira uma misteriosa tristeza, mas ela não estava triste, só pensativa olhando em direção à janela coberta pela cortina até se dá conta de que estava tão perdida em seus pensamentos quanto olhando para nada. Então levantou-se e puxou as cortinas abrindo-as até os cantos da janela. A rua não estava movimentada, passava alguns carros vez ou outra, mas a chuva e as folhas caiam sem exitar. Ela ficou ali por alguns minutos tentando ver algo interessante, mas sua tentativa foi frustrada. Retornou para seu chá e para sua poltrona, mas agora via a chuva cair lá fora e aquilo a acalmou. Não que estivesse tensa, mas olhar para o nada tomando chá não era confortável.
Vieram os pensamentos novamente, mas desta vez eles a deixaram feliz e ainda continuava observando a chuva e tomando seu chá. 
De fato as coisas tinham ido longe demais pra ela, pensava. Mas agora teria que decidir em dar um passo à frente ou ficar presa pra sempre em incertezas, boas, mas que não passavam de incertezas. E nada que não seja certo merece confiança. 
Um carro preto parava na vizinha da frente nesse momento, interrompendo seus pensamentos. Alguém com uma capa de chuva preta desceu segurando umas flores - muito bonitas ela achou - e correu com cuidado protegendo-as da chuva com uma parte de sua capa. Apertou a campainha e em segundos a porta já estava aberta, a vizinha com um sorriso deslumbrante e sendo surpreendida com as flores e um beijo. Ela olhou para a xícara que estava em sua mão e, percebendo que já esvaziara foi buscar mais chá. Parecia que aquilo tinha remexido em lembranças que tentava, em momentos antes, esquecer.
Com a xícara cheia, e agora com biscoitos rodeando o pires, ela sentou-se e voltou ao pensamento interrompido pelo namorado romântico da vizinha. Ela soltou um leve sorriso ao se lembrar da cena e ficou feliz pela vizinha. Só que exatamente naquela tarde e naquele momento de suas reflexões, assistir aquela cena a causou certo desconforto, porque querendo ou não, desejava que acontecesse aquilo com ela e que o cara da capa preta fosse exatamente o cara que estava tentando esquecer. O culpado por ela ter ido tão longe e o culpado também por ter deixado marcas incuráveis em seu corpo e coração.
Decidida em não pensar mais naquilo e em seguir com seu projeto de dar um passo à frente na história, verificou se o chá ainda estava morno, pegou um livro que havia deixado no sofá e, na companhia dos biscoitos foi divertir-se com a leitura.

3 comentários:

Emi disse...

Que conto mais encantador!
Chá, biscoitos, pensamentos e amor, uma combinação romântica e perfeita.
Não sei se você dará continuação, mas aposto que seria lindo. :)
Obrigada pela visita, Jessica, seu blog é lindo!
Um beijo!

Jessica disse...

Muito obrigada Emi, que bom que gstou.. não faço muito esse tipo de texto!hehehe

Bjs

:)

Jessica disse...

Muito obrigada Emi, que bom que gstou.. não faço muito esse tipo de texto!hehehe

Bjs

:)