De que valeu a luta travada no decorrer do tempo? Refletia o homem soturno. Era só isso que tinha a vida sonhada? Pensava nos muitos sacrifícios que tivera, renúncias impensadas, para esse viver oprimido. Viu apenas que percorreu o caminho errado; seus olhos ficaram opacos na altura em que se bifurcavam as estradas, encruzilhada de enganos.
Chegou até aqui, mas deixou almas marcadas pela dor; deixou saudade oprimindo peitos plenos de amor.
Como unir esta solidão aos risos que ficaram no leito da estrada palmilhada? Como seria bom o retorno à inocência, infância perdida.
Seus olhos então refletiriam o brilho que não soube ver. Poderia voltar a sentir o perfume das macieiras no verde pomar amadurecendo; ouvir a suave melodia das águas do riacho escondendo-se entre os arbustos; ver a lua brilhar na noite por entre as árvores; árvores que durante o dia acolhiam o menino protegendo-o do sol e da chuva; cama para o descanso nas tardes quentes que lhe aquecia o coração; mãe-árvore enfeitando com a sombra de seus ramos o frágil corpo do menino envolto em sonhos; som do vento e das cigarras transportando-o para mundos inimagináveis.
Um comentário:
A gente se pega pensando em como fomos felizes e não sabíamos. É bem isso que o texto fala. Feliz daqueles que reconhecem o momento em que está sendo feliz e o prolonga. Se a gente pudesse esticar para um tempo maior né...
Mas sempre que quisermos ser feliz, ainda nos sobra as lembranças não é mesmo? Bem ali, num passado feliz e distante.
Bjws moça.
semguarda-chuvas.blogspot.com
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