27 de jan. de 2010

Tenho saudade...


das brincadeiras de quando era criança,
do olhar ingênuo e daquela verdade incutida.
Tenho saudade das viagens pra roça pequena,
que grande se fazia pelas traquinagens de menina.
Tenho saudade das primeiras amigas,
da simples e, no entanto, da grande diversão que fazíamos aos finais das tardes,
da correria no quintal e da bagunça no rol.
Tenho saudade da não obrigação e do tempo onde tudo era sorriso.
Tenho saudades das manhãs na escola,
da espera ansiosa pelo curto intervalo.
Tenho saudade das resenhas e dos primeiros sentimentos,
das tristezas que hoje não seriam mais tristezas
e das besteiras que me fazia rir.
Pena que a conjugação é apenas passado.
Tenho saudade das boas loucuras,
que hoje não seriam mais loucuras.
Tenho saudade da irresponsabilidade responsável,
das idas ao shopping com as amigas nas noites em que não tínhamos o que fazer.
Tenho saudades de quem não posso mais abraçar,
de primos que estão longe e de amigas que tomaram seus rumos.
Rumos não se sabe quais.
Tenho saudades de momentos que marcaram,
de anos intensos e de gargalhadas que não voltam jamais.
Tenho saudades de miuçalhas que me faziam tão bem,
das cartas, dos retratos, dos abraços.
Coisas miúdas, porém de valor.
Preço alto, tempo passado, intenso amor.
Tudo que me fez sorrir, amar, chorar e aprender.
Tudo rabiscou, ditou e dissertou o que hoje eu sou.
De tudo isso e de um pouco mais eu tenho saudade.
Porque guarneceu meu viver,
deu suporte ao presente e fez se cumprir a certeza de que momentos são como o vento.
O mesmo que passa pela manhã não é o mesmo da manhã seguinte.

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